Por José Albuquerque
Confesso-me absolutamente incompetente para criticar
a actual politica de “Gestão de Atletas” da Nossa SAD, porque há muitos que mal
conheço e, em termos específicos, porque não sei o suficiente sobre futebol.
Ainda assim e uma vez que me parece estarmos a assistir a uma nova fase neste
capitulo da vida da SAD, sinto-me no dever de contribuir com algumas opiniões
pessoais.
Antes de mais, para desfazer a “óbvia conclusão” de
alguns que qualificam este aparente ‘corrupio’ de entradas e saídas do Plantel
como o resultado de um “saque” descarado, perpetrado pelo “orelhas”, com ou sem
a conivência dos chamados “empresários”.
Porquê?
Porque sou mais um “carneiro Vieirista”?
Obviamente que não!
Porque essa “tese” não faz sentido nenhum!
Porque o Accionista maioritário – o S. L. Benfica,
tem uns Corpos Sociais compostos por Companheiros que nunca com tal coisa
pactuariam!
Porque os restantes Administradores da SAD nunca com
tal coisa pactuariam!
Porque o Presidente, um orgulhoso sessentão, não só
não tem nenhuma necessidade disso (o seu património familiar basta para várias
gerações), como já deu mais que provas insofismáveis de uma seriedade
inquestionável!
Porque o Presidente, um orgulhoso Empresário, nunca
arriscaria a imagem que já consolidou pela sua dádiva Benfiquista, trocando um
lugar já ímpar na Nossa Gloriosa História pela vergonha de um rótulo de
criminoso.
Quem defende uma tal tese, num pináculo do absurdo,
denota uma quase paralisia intelectual e permite-se aderir a um simplismo
comodista, em vez de dar uso aos neurónios e procurar uma explicação
inteligente.
Entretanto, os factos obrigam-Nos a pensar …
Primeiro, porque estamos a ver que a SAD,
aparentemente, “deixa sair” vários dos jovens produtos da “Fábrica” e alguns outros
já não tão jovens. Depois, porque assistimos a contratações de Atletas sem
espaço óbvio na Equipa A e, quando admitíamos que elas se destinassem a
reforçar a Equipa B, vemos esses Atletas a serem emprestados. Finalmente,
porque a desejável integração entre as Equipas A e B, parece sugerir uma
alteração na opção tácita de base (vulgo, “plano A”) das Nossas Equipas
seniores, para um 4x2x3x1, talvez relegando o 4x4x2 clássico para um estatuto
de “plano B” e essa eventual alteração, pode estar a condicionar a tal “Gestão
de Atletas” .
Pegando no fio da meada, importa recordar que todas
as “compras”, todas as “vendas” e todos os “empréstimos” são a manifestação de
uma vontade tripartida: do Atleta e dos compradores e vendedores, ou de quem
“empresta” e quem “toma o empréstimo”.
Importa recordar este principio porque é muito
frequente ler e/ou ouvir que “vende o X por Y milhões”, ou que “empresta o Z a
um clube europeu em que seja titular”, óbvias baboseiras de quem, talvez por
excesso de horas a jogar computador, imagina ser ideal o mundo real.
Fazer uma “Gestão de Atletas”, é tudo menos fácil, é
tudo menos evidente, especialmente depois da “Lei Bosman”!
Outro dos primeiros “nós da meada” passa pelo
absurdo não só da “janela de mercado”, por ela terminar após o inicio das
épocas desportivas, ainda agravado pelo desfasamento no caso do emergente
mercado russo, uma situação que, perante a “Lei Bosman”, impossibilita um total
controlo sobre a constituição de um plantel a todo e qualquer clube que não
esteja entre os dez mais financeiramente poderosos.
Num texto anterior, eu já defendera que o actual
modelo de crescimento e desenvolvimento da SAD e digo “defendera”, não no
sentido de uma garantia de ser o melhor, mas, apenas, nos termos em que o
compreendo.
Por isso, este texto tenta ir um pouco mais longe
que o anterior (que recebeu variadíssimos contributos de Companheiros Nossos)
na análise ao que temos visto …
As “dispensas”.
A um ritmo surpreendente e que sugere algum relativo
“corte com o passado mais recente”, assistimos a uma série de saídas do
Plantel, aparentemente sem contrapartida financeira e revelador de que a SAD
“deixou de apostar” em alguns ex-atletas:
1 Casos como os dos Migueis, o Vítor e o Rosa; e
2 Casos, muitos, de jovens produtos da “Fábrica”,
ainda em idade de “formação” (até aos 23 anos).
Quanto aos Migueis, eu já escrevi que os considero
excelentes provas ‘vivas’ de que o Glorioso deve insistir nos seus
investimentos na formação: trata-se de dois excelentes profissionais e
futebolistas, que já contam com muitas internacionalizações e alguns títulos
individuais e colectivos, ou seja: excelentes exemplos, inclusive para os mais
jovens que, sonhando tornar-se profissionais, deveriam ter consciência que a
esmagadora maioria nunca será, algum dia, candidato a uma “bota de ouro”.
Quanto ao segundo grupo, no qual encontramos muitos
campeões e internacionais nos escalões jovens, espero que ainda possam afirmar
qualidades que lhes não apareceram precocemente.
Uns e outros, convenhamos, ainda não demonstraram
poder estar ao nível que, hoje, já é exigido a um futebolista sénior do Benfica
e, assim, creio que deveria ser unânime entre os Benfiquistas (atletas
incluídos, se for o caso), que não há que lamentar, em absolutamente nada, as
suas saídas do Clube.
Com a excepção do Vítor, que terminou o seu contrato,
não sabemos se a SAD mantém alguma parte dos respectivos “direitos económicos”
(ou alguma opção de recompra), mas não me repugna admitir nem que sim, nem que
não: em nenhum desses exemplos me parece que a SAD deveria ter ido “contra o
mercado”, exigindo o que “ele” não reconheceu.
A este propósito, uma vez mais eu insisto na minha
convicção segundo a qual os jovens em formação só podem ter condições de
evoluir, caso mantenham o estimulo da competição (em campo e, sobretudo, em
treino) e, sendo limitado o número de
“vagas” que, nesses termos, o Plantel pode oferecer (em qualquer das duas
Equipas seniores), compete aos Técnicos proceder a uma selecção, com as
inevitáveis consequências.
E basta de lamechices do tipo “coitado, não teve
oportunidades”!
Com tantos anos vividos no Seixal, com milhares de
treinos e centenas de desafios, com anos de avaliação atlética (clínica e
fisiológica), mal estaríamos se insistíssemos em duvidar dos resultados da avaliação
final: podemos, claro, dela discordar, mas não podemos alegar ausência de
critérios.
Recordo-lhe, Caro Leitor, que ainda que a SAD
seguisse um modelo quase oposto ao actual, exclusivamente centrado nos seus
“produtos da Fábrica”, mais tarde ou mais cedo as “vagas” nas Equipas ficam
todas preenchidas e, concordemos ou não com os resultados, a inevitável selecção
de valores obrigará a “dispensas”.
Os (múltiplos) “empréstimos”.
A um ritmo acrescido mas já não surpreendentemente,
sugerindo a confirmação do passado mais recente, verificamos que aumenta o
número de Atletas emprestados, sobretudo a clubes no estrangeiro, com contratos
que, segundo a mérdia, representam proveitos muito significativos para a SAD,
além de constituírem um alargamento das tais “vagas” para que jovens Atletas
possam competir e continuar a evoluir.
Em alguns casos (Michel, Farina e Pizzi), os Atletas
quase nem vestiram o Manto Sagrado e, quando foram contratados, não pareceram
corresponder a necessidades imediatas do Plantel, mas, de uma ou outra forma,
conseguimos entender ou a validade económica do negócio, ou o potencial
interesse desportivo, ou ambos.
Creio que muitos sabem que, em mandarim, a grafia
das palavras “crise” e “oportunidade” é a mesma e, sinceramente, creio que a SAD
está, neste aspecto particular da sua gestão, a interpretar na perfeição essa
virtualidade: a “crise” colocou muitos clubes numa situação de dificuldade de
acesso ao crédito sem o qual ficam limitadas na sua capacidade de reforçar os
seus planteis e o Benfica, por não viver esse problema, consegue “alugar-lhes”
o que eles não conseguem comprar.
Melhor ainda, o Benfica consegue atrair Atletas e
contratá-los (vejam os exemplos do Farina, por menos dinheiro e do Mora, a
custo zero), com base no Nosso prestigio desportivo incontestável e, depois, emprestá-los
a clubes que tinham sido recusados, por mais dinheiro.
Corremos o risco de estar a “banalizar” o Nosso
Glorioso Emblema, com esta estratégia?
Confesso que não creio, mas não o posso garantir,
porque nunca vivi no “meio do futebol” e, por isso, nem humildemente consigo
formular uma opinião sobre como pode esta gestão ser olhada pelos outros clubes
e agentes desportivos. Mas uma coisa me parece incontestável: trata-se de mais
uma forma, absolutamente legal e eticamente inatacável, de “acrescentar valor”
e … é exactamente essa a missão (do ponto de vista empresarial, reparem
bem no sublinhado) do CA da SAD.
Pudessem os “do contra” fazer o mesmo, fosse com
Atletas ou qualquer coisa e … já seriam diferentes as suas “criticas”.
A provar que não pretendo escapar a analisar alguns dos famigerados
“casos” individuais do Nosso Plantel, solicito, desde já, a Vossa paciência
para o próximo texto e escapo, isso sim, a exagerar ainda mais no comprimento
do actual.
Viva o Benfica!
«Confesso-me absolutamente incompetente para criticar a actual politica de “Gestão de Atletas” da Nossa SAD, porque há muitos que mal conheço e, em termos específicos, porque não sei o suficiente sobre futebol.»
ResponderEliminarCaro JA, fica-lhe bem essa confissão. Mas fico com uma dúvida: Sendo o Srº incompetente para criticar, não o será também para elogiar?
Enorme AM, Companheiro,
EliminarSem pretender "armar-me" sugiro-te que consultes um dicionario e confirmes que "criticar" significa "avaliar" e/ou "problematizar", implicando a compreensao e, eventualmente, elogio e o seu contrario.
Sinceramente, eu nao consigo ler muitos elogios no que escrevi e leio bastantes mais duvidas e, talvez, esperanca de ver confirmadas as escolhas de quem deve ter competencia para tomar decisoes, ate' porque vai ser, por elas, responsabilizado.
Numa nota mais pessoal, faz-me o favor de me tartar por tu, como devemos fazer entre Benfiquistas.
Viva o Benfica!
Caro José Albuquerque, concordo com tudo o que escreve.
ResponderEliminarDando um exemplo mais corriqueiro para aqueles que têm dificuldades de compreensão, toda a gente elogia as capacidades de investimento e de visão daquelas pessoas que compram apartamentos, por exemplo, e que depois os alugam periodicamente com os arrendatários a ficar responsáveis pelo pagamento de todos os custos inerentes. Isso asseguram um "stream" contínuo e seguro de rendimentos que toda a gente elogia. Isto é, comem o bolo e ainda ficam com ele.
Eu olho para isto exactamente da mesma maneira. Com a vantagem de no futuro podermos chamar um ou mais destes jogadores que entretanto tenham demonstrado categoria para integrar o clube.
As pessoas gostam de falar e de dar opiniões sobre coisas que não sabem ou não entendem. É pena.
Só as pessoas dentro do Benfica envolvidas directamente com estes assuntos podem dar opinião. E muitas das decisões que se tomam que podem parecer dúbias à primeira vista a maior parte das vezes têm explicações muito simples. Como o negócio Roberto.
E provavelmente os negócios do Farina e do Mori terão a ver com esse negócio, como compensação para o clube. É assim que eu o vejo.
Enorme Manuel, Companheiro,
EliminarNum texto anterior, que creio que tu tambem comentaste, eu usei a imagem da "galeria de arte", para exemplificar esta situacao: tambem uma galeria nao pode (ou nao deve) ter sempre expostas todas as obras que fazem parte do seu inventario, pelo que faz todo o sentido que rentabilise as que teria de guarder, "emprestando-as" a outras galerias, que as possam export.
Mais simples de entender que isto, nao vejo como.
Viva o Benfica!
Glorioso companheiro Jose Albuquerque
ResponderEliminarEu confesso que este ano não entendo nada, nadinha desta gestão de activos.
Um Abraço.
Enormerrimo Carlos Alberto, Companheiro,
EliminarAhahahah ... mas, ao menos, reconheces o meu (tremendo) esforco no sentido de tentar entender alguma coisa? Ahahahah.
Agora mais a serio, olha que nao me parece assim tao dificil de entender: se os resultados vao ser decisivos, ou nao, essa seria uma questao muito mais dificil de responder.
A ver vamos, como dizia o ambliope (para ser politicamente correto).
Viva o Benfica!
Só uma breve intervenção e apenas para comentar sobre acusações da escumalha habitual sobre a saída ou dispensa de Miguel Victor.
ResponderEliminarOs bocas de sargeta pestilenta comentaram fortemente e insinuaram que o jogador foi simplesmente corrido do Benfica por JJ e a Direcção, "esqueceram" foi de comentar as declarações do mesmo a um dos pasquins submissos:
"O Benfica quis continuar consigo?
- Miguel Victor: - O clube apresentou-me algumas propostas de renovação, a última no final de junho, mas eu senti que a minha carreira precisava dum novo rumo. Mas quem sabe se um dia posso voltar pela porta grande?
***************
Afinal, quem escorraçou Miguel Victor?
Que respondam os bocas de latrina entupida.
j´ c´ faltava o bebado
EliminarEnorme Joseph, Companheiro,
EliminarJa' e' habito vermos as "projecoes" dessa cambada serem desmentidas pela realidade e/ou por declaracoes dos proprios intervenientes e, especialmente no que toca ao Tecnico, os "Taliban" enchem-se de fe', sempre que um atleta sai do Benfica, numa expectative doida de poderem ler e ouvir declaracoes que "os possam ajudar", ahahah.
Sinceramente, eu ja' nao lhes ligo pevide ...
Viva o Benfica!
Fico sempre encantado com a clarividência com que expões as tuas ideias.
ResponderEliminarA mim ajudas-me a pensar. Ajudas-me a compreender que, numa SAD, há actos de gestão financeira, que aos olhos de quem apenas vê ou quer ver a bola na baliza, passam completamente ao lado.
Duas frases lapidares;
«Recordo-lhe, Caro Leitor, que ainda que a SAD seguisse um modelo quase oposto ao actual, exclusivamente centrado nos seus “produtos da Fábrica”, mais tarde ou mais cedo as “vagas” nas Equipas ficam todas preenchidas e, concordemos ou não com os resultados, a inevitável selecção de valores obrigará a “dispensas”.»
- Parece simples de entender, mas serão poucos os que já pensaram no assunto!
«Pudessem os “do contra” fazer o mesmo, fosse com Atletas ou qualquer coisa e … já seriam diferentes as suas “criticas”.»
- Palavras para quê...