Por José Albuquerque
O mito “made in Benfica”.
O mito “made in Benfica”.
Sem nenhuma dúvida, o mais belo de todos os mitos,
aquele que mais mexe com todos Nós e que mais tempo Nos deu (e ainda vai dar)
para darmos largas aos nossos altos conhecimentos técnicos e de gestão desportiva
(assim mesmo, tudo em minúsculas, porque nenhum de nós percebe um boi destes
assuntos).
Mesmo quando não temos nenhum Filho, ou Neto, a
fazer formação desportiva no Clube (um péssimo sinal, excepto para os que vivem
longe de Lisboa, ou não têm filhos), há sempre os filhos de alguns
Companheiros, miudagem que vimos crescer nas bancadas da Catedral e/ou dos
pavilhões e cujo Amor ao Clube conhecemos muito bem. Miudagem em quem
depositamos a esperança de um Benfiquismo maior e melhor que o nosso próprio e
que, por isso, acreditamos que honrarão sempre o Manto Sagrado. Miudagem que
simboliza o futuro do Glorioso para além de Nós.
Como eu considero o Universalismo um dos Nossos
Valores fundamentais, nem vou perder tempo com patrioteirismos bacocos: o que
está em causa é responder a uma pergunta simples … pode ou não, deve ou não, o
Benfica assentar o seu crescimento desportivo sobre um edifício que se alicerce
na promoção do desporto e, depois, na formação de Atletas filiados no e pelo
Clube, até que eles cheguem ao mais alto nível e incorporem as Nossas Equipas
de Honra em todas as modalidades?
Trata-se de uma pergunta de fácil resposta em todas
as modalidades verdadeiramente amadoras (um redondo SIM!), mas que, nas
modalidades apenas aparentemente amadoras, tem uma resposta quase impossível,
ou seja: o Clube deve continuar a reforçar os seus investimentos na formação
dessas modalidades, mas a oportunidade de vestir o Manto Sagrado e defender o
Nosso Emblema tem de continuar a ser dada aos melhores Atletas, nacionais ou
não, que o queiram fazer e que os Nossos Técnicos considerem como verdadeiras
mais valias nas Nossas Equipas, esperando Nós que os jovens formados no Clube
possam preencher um número crescente dessas necessidades e, se possível,
aumentar o nível de exigência para com esses reforços recrutados fora.
No caso especifico do futebol profissional, o caso
torna-se ainda mais complexo e por mais que o voluntarista do Nosso Presidente
entenda (a meu ver muito mal) lançar e insistir em bandeiras do tipo “made in
Benfica”, por mais que alguns de Nós (sobretudo os mais velhos) reafirmemos que
“antigamente, todos os anos tínhamos novos ex-juniores a integrar o Plantel de
Honra”, o que nem sequer corresponde aos factos históricos, dado que muitos
desses jovens provinham de outros clubes.
A este propósito e apenas de memória (desculpem, mas
não tenho pachorra para fazer pesquisas na internet), se retirarmos
futebolistas como o Eusébio, o Coluna e outros que chegaram ao Benfica quando
já eram estrelas dos campeonatos de Angola e Moçambique, se retirarmos o Rui
“Maestro” Costa, o Paulo “bandalho” Sousa e o estupor do “Maniche”, eu apenas
me consigo recordar de alguns antigos Atletas que jogaram pelos Nossos
Juniores: o Chalana, que já alinhava pelos seniores do Barreirense, o Simões, o
Humberto Coelho e o Nené. Ou seja: ou eu estou ridiculamente desmemoriado, ou
fica provado que o Glorioso nunca assentou o seu futebol na formação, nem
naqueles tempos em que os futebolistas eram quase “escravos” do seu clube e em
que o mercado internacional de futebolistas se contava pelos dedos das mãos.
Mas, mesmo que não fossem estes os factos, há que
reconhecer que a actual indústria do futebol e os seus regulamentos de
transferências, nada têm a ver com os de há 60, 50, 40, 30 e 20 anos, antes do
chamado Acórdão Bosman: antes, o Benfica vendia Atletas quando precisava de
dinheiro (embora não tivesse Passivo), enquanto hoje temos de os vender mesmo
quando não queríamos, ou nem necessitávamos.
Depois vieram os anos de que nos devemos envergonhar
(já depois do Acórdão Bosman) e que terminaram com a verdadeira aniquilação de
toda a formação no Nosso futebol.
Hoje, finalmente, todos os imensos investimentos
realizados pela Nossa SAD, quer em infraestruturas desportivas, quer em recursos
humanos dedicados, quer pelos projectos Geração Benfica e Escolas, começam a
frutificar numa hegemonia cada vez mais expressiva do Clube no futebol jovem,
expresso no acumular de títulos internos e na frequência com que essas Nossas
Equipas participam, vitoriosamente, em torneios internacionais, defrontando as
suas congéneres dos melhores clubes do mundo. Por isso, agora sim, o Glorioso
pode e deve considerar a sua “Fábrica” como um pilar do seu crescimento
desportivo e económico, tal como eu venho defendendo num plano teórico.
Quer isto dizer que podemos esperar ter a Nossa
Equipa de Honra composta essencialmente por Atletas “made in Benfica”?
Não creio! Ou melhor … só se tivermos muita sorte,
ou, se preferirem, por felizes coincidências.
Sempre que do Seixal saírem Atletas de topo, vai
acontecer-lhes o mesmo que aconteceu aos “manueis” tipo Di, Luiz, Fábio, ou
Rodrigo, que vimos chegar de outras paragens ainda garotos, que vimos crescer e
… acabaram por partir em troca de muitos milhões. Sempre que do Seixal saírem
Atletas de “quase topo” como um Luisão, Maxi ou André Almeida, talvez os
consigamos manter na Equipa por muitos anos. E sempre que do Seixal saírem
Atletas como os Miguel Vítor e Rosa, eles vão ter espaço na Equipa B ou através
de empréstimos, para demonstrar que, pelo menos, chegam ao nível de “quase
topo” que lhes pode abrir as portas do Nosso Plantel principal, a menos que
algum tubarão acredite mais no seu potencial (como no exemplo do André Gomes) e
arrisque um valor irrecusável, ou, caso não tenham sucesso, acabem por fazer
carreiras profissionalmente honestas e suficientemente rentáveis, mas fora do
Benfica.
E, notem bem, apesar de todo o investimento de que o
Seixal e a Equipa B são as bandeiras, eu considero que o Nosso “scouting” deve
continuar a perseguir e recrutar outros potenciais “manueis”, nacionais e
estrangeiros, de todas as idades abaixo dos 22 anos e que não impliquem
investimentos exagerados, como fonte alternativa de alargamento da Nossa base
de selecção de futebolistas seniores.
Tudo o que implique estabelecer quotas reservadas
num Plantel para Atletas promovidos dos juniores, parece-me um absurdo, nem que
fosse apenas por mero objectivo de Gestão, quanto mais como uma real restrição
aos que tiverem a responsabilidade de assumir os resultados desportivos.
Companheiro Presidente, por favor … deixe-se disso.
E outra coisa de capital importância passa pelas
idades dos Atletas que formam o Nosso Plantel principal e que não podem ser
jovens em número exagerado, sob pena de verificarmos uma significativa perda de
maturidade competitiva, mesmo quando se trate de jovens cujo percurso de
formação foi o melhor possível, como é o caso dos Nossos juniores.
A idade, tal como a compleição atlética, não deve estar
sujeita a limites, mas há que reconhecer que nenhuma Equipa pode ter muitos
“teenagers” e/ou “meia lecas”: dois ou, no máximo, três de cada e … chega!
Conclusão.
O futebol ainda é um jogo, mas é muito mais um
Desporto e do mais alto rendimento que há, além de ter um impacto económico
transcendental, pelo que não me parece ser compatível com voluntarismos, ou
demagogia.
O Benfica, pelo menos aos olhos ignorantes deste
apaixonado que eu sou, tem feito quase tudo muito bem no que toca ao conceito
da formação de futebolistas e tem, hoje, um edifício formidável (ao qual só
falta uma Equipa de sub21, talvez a disputar o campeonato de Chipre, ou a Liga
Adelante) que pode e vai potenciar muito bons profissionais até aos 23 anos.
Essa “Fábrica de manueis” pode e deve vir a
alimentar a Nossa Equipa de Honra com muitos e bons Atletas … a longo prazo.
Tal como pode e deve ser uma fonte de Proveitos suficientemente significativa a
ponto de reduzir o número de titulares que saem todos os anos, por via de um
acréscimo salarial sustentado e sustentável.
Tal como a Nossa BTV, a Nossa “Fábrica” também é
demasiado estruturalmente importante para o Benfica, para que seja objecto de
mitos e/ou discursos demagógicos.
Bom Ano Novo Benfiquista!
Obrigado meu amigo. Obrigado pela pela partilha e pelo tempo que dedicas à causa benfiquista.
ResponderEliminarNem imaginas o prazer que é poder contar com a tua prestimosa colaboração aqui no GV. É um privilégio ter-te por aqui tão disponível, ainda por cima, tão mal compreendido por uns quantos do "estou sempre do contra"...
Grande ano para ti também!
Companheiro Ze mas que grande postadela adorei pois se adorei e porque concordei bravo bravo clap clap clap que grande bofetada de luva branca a todos aqueles que se incomodam muito com os jogadores da formaçao. Bom Ano.
ResponderEliminarMais um grande post companheiro.
ResponderEliminarUm abraço.
"o Glorioso pode e deve considerar a sua “Fábrica” como um pilar do seu crescimento desportivo e económico, tal como eu venho defendendo num plano teórico" - Totalmente de acordo, no entanto:
ResponderEliminar- Tb não me recordo de mais jogadores formados no Benfica e foram titulares indiscutíveis e de relevo
- Há q combater esta ilusão demagógica de os atletas formados no clube terem lugar no plantel principal - vemos c/ frequência jovens formados no Benfica convecidíssimos de deviam ser titulares e q depois de saírem nem em clubes secundários jogam...
- Salvo excepções fenomenais, devem provar q merecem vestir a camisola principal noutros clubes
- Seria um pesadelo se, por exemplo, os nossos 3 Guara-Redes principais se lesionassem e tivéssemos de pôr na baliza o jovem Bruno Varela...
- Basta a negociação de um atleta como o André Gomes para garantir 3 anos de custos c/ o Seixal - não vejo por isso necessidade de em todas as épocas haver jogadores da formação na equipa A para a formação ser rentável
- A negociação dos atletas da formação c/ outros clubes, nacionais ou estrangeiros, poderá trazer mais-valias importantes para o Benfica.
Só um pormenor: se quiserem ter sempre o estádio cheio o BENFICA tem de ter jogadores de classe mundial, como tem tido, apesar de esta época ter sido uma ra+ia.
ResponderEliminarCompanheiros,
ResponderEliminarMuito Obrigado pelos incentivos e comentarios.
Olhem, lembrei-me de mais um ... o Joao Alves (o "luvas pretas"), herdeiro de uma vasta linhagem de Benfiquistas, com pelo menos 3 geracoes de praticantes de diversas modalidades no Clube.
Se bem me lembro, o Joao Alves foi Campeao Nacional de Juniores pelo Glorioso e, depois, foi completer a sua formacao por outros clubes, ate' se fazer notar no Boavista, de onde regressou ao Benfica ja' um jogador maduro.
Viva o Benfica!
(Jose' Albuquerque)