Está descoberta a brecha por onde apocalipse da época 2024/25 pode entrar. A partir de agora qualquer Campeão do Mundo e da Copa América que, aos 36 anos, queira abdicar das suas férias para participar nos Jogos Olímpicos de Paris, pode fazê-lo à vontade que o Benfica não se opõe. No sentido contrário, jogadores de 22 anos considerados indispensáveis pelo treinador muito dificilmente quererão assinar contratos com o SL Benfica sabendo antecipadamente que o Clube não os deixará cumprir o sonho da vida deles.
Quero juntar-me ao pelotão de fuzilamento do Otamendi por ter dito que o «Benfica sabe que a selecção é sempre uma prioridade», frase assassina que juntou foculportistas fundamentalistas, sapos ressabiados, MDCSDQT, cientistas da chincha e verdadeiros verdadeiros, acoplados na defesa dos interesses do Benfica. A frase é de tão lesa majestade que até os especialistas em Kamalices que, nos últimos dias, florescem a cada pedra da calçada revirada, estão de queixo caído perante a atrocidade do craque! Acometido de um arrepio de tusa na espinhela, fico com a estranha sensação que nem Roger Schmidt, nos seus melhores dias, conseguiu tamanha unanimidade!
Sejamos francos. Otamendi devia não só entrar ao serviço nos cruciais embates de pré-época - ninguém faz ideia do sentimento de orfandade de António Silva, Morato, Tomás Araújo e comp - como seria justo retirar-lhe o 13º mês e entrega-lo ao exemplar Luisão que chegou sempre a tempo e horas ao Benfica e com juras de amor eterno. Quando eu olho para os exemplos dos brasileiros do foculporto que abdicaram dos jogos Olímpicos de Paris para virem à festa dos equipamentos do clube da fruta e de Paulinho, Pote e Trincão, que renunciaram à seleção do Rónalde para se apresentarem no alvalixo com a pica toda, fico mais ciente que o apocalipse já cá está.
Tenho que dar a mão à palmatória e parabenizar os especialistas em gestão do balneário que, 5 anos atrás, acusaram o argentino de ser um foculportista infiltrado para derrubar o Benfica. Prova-se agora que o Otamendi é um morcão e eles é que tinham razão. É falta de liderança de Rui Costa sim, e o Presidente devia demitir-se imediatamente abrindo as portas a uma 'comichão' de especialistas especializados em pré-épocas para gerir os cacos até ao início do campeonato. Ao cuidado do presidente da MAG ficava a marcação de eleições de preferência para o dia da apresentação do Otamendi. Com uma simples cajadada matavam-se vários coelhos tresmalhados.
Em segundo plano - que os achaques do Otamendi são muito mais importantes para o futuro do Benfica - vem esse particular de ontem frente ao pior Brentford da história que milita da pior Premier League de sempre. Assoberbado com a falta de liderança do Presidente dei comigo nas bancadas despidas (um pouco mais de 40 mil espectadores) a pensar que, tirando o vento frio e o passe do desconcentrado Morato - lá está, aposto que também a ele não lhe sai da cabeça a questão do Otamendi -, gostei praticamente de tudo!
Sobretudo de Trubin, acusado de golpe de vista pelos cientistas das balizas, que nem com asas chegaria ao cruzamento que acabou com a bola a bater no poste. O facto do guarda-redes do Benfica não se esgadanhar todo para ficar bem na fotografia só pode ter a ver com a frase do Otamendi. Trubin, e a mim ninguém me convence do contrário, sabendo que jamais chegaria à bola optou nem se mexer demonstrando publicamente toda a sua insatisfação. Não teve a sorte do Morato mas ficou bem explicito o quanto Otamendi esteve presente no relvado. Fontanários a quem dou o máximo de credibilidade garantem-me que, no final, foi o Diabo no balneário.
Confessado leigo dou por mim a rir às gargalhadas com o flop Prestianni, uma das muitas negociatas de Rui Costa, pensando nos catedráticos que afirmam que o que o puto precisa é de ser emprestado. Apreciei a barba de Niklas Beste, Vangelis Pavlidis percebe-se que dá uns toques, mas quem me encheu as medidas foram os árbitros. Não fossem eles que piada teria assistir a um jogo de 11 contra 10 na pré-época? Ricardo Baixinho e o Hélder Malheirinho no VARinho, foram o melhor que podia acontecer ao Benfica. O penalti claro por assinalar e, quiçá, mais um cartão vermelho por derrube ao isolado Prestianni, estragaria aquela sensação de Déjà-vu para quem foi pela primeira vez à catedral. Seria de muito mau gosto estragar a habitual roubalheira não preparando os novos jogadores - não é para isso que servem as pré-épocas? - para a temporada que se aproxima a passos largos. Creio até que faltou mostrar dois cartões vermelhos, por reincidência - um a Prestianni e outro a Beste - por excesso de velocidade. O canto que o sapo Baixinho não deixou o Benfica marcar, apontando para o relógio e para o fim do jogo, foi apenas a cereja em cima do bolo. Tem tudo para voar alto o rasteirinho.