O regresso de Krovinovic...

O regresso de Krovinovic foi o facto mais relevante (além do resultado positivo e da extraordinária defesa de Svilar) de uma vitória demasiado sofrida, num jogo mal conseguido, onde no primeiro remate à baliza (já parece sina) o adversário do Benfica conseguiu voltar a marcar. E que golo, caramba! Quantos jogadores da primeira liga seriam capazes de executar com aquela rapidez e precisão? E como é que aquele moço, que ninguém sabia quem era, apareceu de repente para marcar aquele tremendo golaço? Lembram-se do Gevorg Ghazaryan no Chaves-Benfica? E dos golos do Benfica-Moreirense? Onde raio é que essa gente vai buscar a inspiração que depois nunca mais lhe aparece? Será da cor das camisolas ou de outra coisa qualquer? Rui Vitória explicou com detalhe os contornos e as condicionantes que rodearam o jogo..."faltou-lhe" lembrar que na próxima terça-feira vem aí o Bayern de Munique...e todos nos recordamos dolorosamente das consequências desastrosas do Benfica-Moreirense e do Belenenses-Benfica disputados nos intervalos do Benfica-Ajax...

«Aconteceu taça». Foi assim que no futebol português, até aparecer o factor Rui Vitória, se convencionou qualificar qualquer resultado que não fosse a «degola dos inocentes» - outro chavão usado para justificar as goleadas que cada vez menos acontecem. Era também, como se recordam os menos jovens, o tempo dos «toma gigantes» que faziam as delicias dos amantes de uma competição rica e aberta! Agora não, a culpa é do Rui Vitória. E nem sequer estamos, com demasiada pena dos juízes do teclado, a falar de uma surpresa da taça. Somente de uma vitória sofrida! Não há nada de mais cretino do que, num jogo a eliminar, escrever que foi uma 'vitória a saber a derrota' ou, como a merda do pasquim do serpa, meter na primeira página em letras garrafais que foi uma "triste vitória". Triste será se um raio nao os partir a todos! Porque o que eles mais queriam era uma derrota a saber-lhes a sangue.

Se há gente a quem não me custa reconhecer grande valor é àqueles que conseguem manter a coerência em qualquer circunstância. Se o Benfica sofre um golo no último minuto: Chaves, Ajax...a culpa é do treinador. Se o Benfica falha um golo cantado no último minuto: Ajax...a culpa é toda do treinador. Se o Benfica só marca o golo da vitória no último minuto...a culpa é cada vez mais do treinador. Valha-me ao menos isso. A coerência dos infalíveis do teclado. Outros chavões como 'na Inglaterra é que é', quando os grandes acabam eliminados pelos pequenos, ou 'na Alemanha, sim há competição a sério', quando as melhores equipa são eliminadas por outras de divisões inferiores, são deitados ao lixo com a mesma ligeireza com que os mestres do teclado mudam de lado.

Rui Vitória, não sei se de propósito, satisfez grande parte das reivindicações dos especialistas da bola. Dois pontas lança no regresso ao 4-4-2 milagroso, deixou André Almeida de fora, pôs Zivkovic a encher o campo todo, Sálvio e Fejsa ficaram a descansar das mazelas, a Pizzi deixou-o a fazer crochê no banco de suplentes e só faltou chamar de emergência o Talisca e o Jovic para que o Arouca saísse do estádio da Luz vergado a uma goelada histórica, assim ao nível da que o Benfica de Rui Vitória aplicou ao 1º de Dezembro (1-2) na arrancada para a conquista da Taça de Portugal em 2016/17. Martim Águas vestiu a pele de Bukia e Luisão aos 90+6 fez aquilo que Rafa conseguiu aos 90+3. E para que as coincidências não fiquem por aqui até o árbitro vestiu a pele do Hélder Malheiro! De comum, ainda, as injurias e os ataques miseráveis ao treinador a quem, meses depois, vitoriariam como se fosse um deles ao erguer da Taça no Jamor.