Super Mário!

Roger Schmidt: "João Mário é de topo, um líder, com Otamendi guia a equipa"

Oito/nove anos atrás, ainda o brunalgas não tinha vendido, por uma pipa de massa, o jovem João Mário para Itália, um amigo meu sportinguista perguntou-me quem é que eu, do plantel dos sapos, gostaria de ver no Benfica. Respondi João Mário. E por quê, perguntou deveras espantado. Porque é um jogador inteligente, que joga de cabeça levantada, que não tem medo de assumir o jogo (porque o percebe como poucos) e porque, com as decisões que assume, melhora a performance de todos, mesmo os que menos o compreendem.

E não é por eu perceber (porque continuo a não pescar nada do assunto) mais de futebol do que os que, no ultimo ano, tanto achincalharam João Mário. Não é. Talvez seja porque sempre gostei de pensar pela minha cabeça, porque desde há muitos anos opto por ver os jogos que não posso assistir nas bancadas sempre com o som desligado e porque me estou cagando para os fazedores de opinião, MDCSDQT, especialistas da especialidade e outros paineleiros encartados. E se acham que eu estou sempre a exagerar é só recordarem-se do que já disseram de Cardozo, Saviola, Aimar, Di Maria, Gaitan, Jonas, Darwin, Otamendi, Gilberto, Florentino, Grimaldo e comp.

No ultimo Benfica-Rio Ave, nas bancadas da luz, nas cadeiras atrás de mim, a cada toque na bola de Petar Musa levantava-se um coro de protestos (para ser simpático) maior do que se fosse o Soares Dias a tentar meter a bola na baliza do Benfica. Já nas bifanas, depois de uma vitória tranquila, ouvi um jovem de tenra idade, tão benfiquista como eu, afirmar que o jogador que mais odiava era o Musa! Atente-se! Com 16/17 anos aquele miúdo já odeia um jogador que, coincidentemente, até acabara de marcar o quarto golo do Benfica!

Ontem, no fim do PSG-Benfica, tentando perceber o tamanho das cornaduras fui ouvir os jarretas da SIC. Com grande pena minha, talvez por não conseguir enfiar a cabeça na porta, faltou o David Borges . No seu lugar, um sujeito aprumado, de nome Fatela, com todo o ar de cientista da bola, repetia indignado que o PSG teve demasiado respeito pelo Benfica. O moderador atirou-se às canelas de Draxler por este, já perto do final do encontro, não ter fintado toda a defesa do PSG entrando com a bola pela baliza dentro. Podia ter feito muito melhor - afirmou enjoado. No final estavam todos de acordo! O jogo, uma seca, fora demasiado tático e o Benfica, como Draxler, perdera uma excelente oportunidade de golear os franceses. Ainda mais porque o João Mário não se adaptou às novas funções e o Rafa, Aursnes e Gonçalo Ramos tinham passado ao lado do Jogo! Já vi gente muito mais animada em enterros, velórios e casas mortuárias.

As exibições monstruosas de João Mário, António Silva, Otamendi, Florentino e Enzo Fernández em nada diminuem o grande trabalho de todos, repito, todos os que entraram em campo com o único pensamento de defender as nossas cores. Como no jogo da Luz, todos foram enormes. Porque o Benfica jogou sempre ao mais alto nível, nunca deu mostras de se sentir diminuído, nunca recuou no terreno assustado e porque demonstrou sempre ao adversário que queria vencer pelo menos tanto como ele. E isto é de equipa grande! É de um treinador arrojado! Não é deste ou daquele jogador nem que qualquer má exibição do adversário.

Causou estranheza o dialogo que Enzo Fernández manteve com Neymar (que apesar de se comportar como um imbecil continua a ser um dos melhores jogadores do mundo) no final do encontro. Que raio teria Enzo para, debalde, tentar explicar a um cretino que pouco mais mereceu que o desprezo! Depois de algum tempo a tentar ler os lábios do craque do Benfica posso afirmar, sem muita margem de erro, que o bom do Enzo prometeu trazer-lhe para o próximo embate uma chucha em forma de gambiarra. Quanto ao palhacito brasileiro, retirou-se de rabo entre as pernas para os balneários, sem nunca deixar de trautear a música que o ofuscou durante todo o jogo... 

Não há Bitinhas no céu a dourar o meu caminho
Por mais amigos que tenha, sinto-me sempre sozinho...

E pronto, depois de mais este teste semi transposto, falta aos jogadores do Benfica enfrentarem o pior Caldas dos últimos 3 quinze anos, com as mãos amarradas nas costas, antes de ultrapassarem o árbitro (Soares a Dias?) e o VAR (Fábio Veríssimo?) já do próximo foculporto-Benfica. E se nem assim forem parados logo se arranja mais qualquer coisa. Quem sabe se com as botas calçadas ao contrario...

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