Terrorismo ou crime organizado?

Os mesmos grunhos que invadiram o campo Coimbra da Mota, que durante decadas assaltam as estações de serviço das autoestradas sem qualquer punição e até já obrigaram (impunemente) um avião a aterrar de emergência, são capazes de assaltar o centro de estágio dos árbitros na Maia, ameaçá-los de morte e às suas famílias ou assenhorar-se do talho do Manuel Mota e do restaurante do pai do árbitro Jorge Ferreira sem que ninguém se atreva a incomodá-los! Esperaram menos de um dia (fora inaugurada na sexta-feira) para provocar o caos na nova loja do Benfica no Mar Shopping, em Matosinhos. Foi chamada a Polícia mas mais uma vez ninguém foi detido!...

Temo que o justiceiro Meirim encontre neste ataque criminoso mais motivos para castigar um peluche da águia vitória (depois do exemplo do jubas eu já não me espanto com nada) ou que vire a sua valentia para obrigar a loja do Benfica a vender à porta fechada no próximo fim-de-semana. Do IPDJ o meu receio é que aproveite o momento para mandar fechar o centro comercial Colombo (pelo incumprimento das normas de segurança escritas pelo doutor baganha) por causa da proximidade do Estádio da Luz. Da nova procuradora geral da república apenas lhe peço que cumpra e faça cumprir a lei. E que não meta primatas no congelador como no tempo da outra senhora. 

Terrorismo não é apenas assaltar alcochete e bater nos jogadores do Sporting. Atacar e intimidar famílias, mulheres, velhos e crianças que se deslocam ao centro comercial para passear no fim-de-semana, também. E aterrorizar trabalhadores só porque trabalham na loja do Benfica não me parece que seja menos grave. Até quando vamos permitir a esta escumalha espalhar o terror?

Mostrar à claque legalizada dos superdragões (liderada pelo antropóide madureira que também é líder da claque da selecção do Ronaldo) que vivemos num estado de direito - não é apenas um dever da Procuradoria-Geral da República mas uma obrigação das gentes de bem da cidade do Porto e de todas forças vivas da sociedade portuguesa. E nem é preciso ir à procura de provas para enjaular os gorilas. Uma boa parte dos crimes estão devidamente ilustrados e voluntariamente confessados (até Dezembro de 2004) num livro editado pelo injineiro das rachas! Daí para cá é só fazer as contas...

O livro da autoria de Filipe Bastos, editado por 'O Gaiense', tem 272 páginas e relata as vivência de Fernando Madureira (macaco), desde os primeiros passos na Ribeira até ao topo do Mundo, na final da Taça Intercontinental, em Yokohama e pode ser comprado numa livraria qualquer (tem de ser mesmo uma qualquer para dar guarida a um grunho destes). 

“O BENFICA é o nosso inimigo mortal. Ponto de honra derrotá-los, dentro e fora das quatro linhas.”

Benfica – F.C.P = (1992) – “Depois da festa, foi o fim do mundo. Distribuímos pancada por tudo o que fosse vermelho.” “Surgiu a ideia de criar os ultras portugal com elementos dos super dragões e da claque do Sporting. A primeira viagem foi contra a Itália.(…) No caminho, o Borrego lançou um concurso que consistia em ver qual era a claque que mais roubava (…) Foi o caos em Andorra! Lojas e mais lojas cheias de máquinas de filmar, roupa, tabaco…Tudo à mão de semear. Ficámos em transe.”

Corunha – F.C.P (2004) – “Resolvemos pôr-nos atrás do repórter a fazer de otários e a gritar “Porto”. O cabrão manda desligar a câmara e diz: “estes gajos do Porto são sempre os mesmos palhaços…”. Saltou-lhe tudo em cima. Levaram um tareão e sem telemóveis.”

Guimarães – F.C.P (1994) – “Houve um policia que se armou em esperto e deu uma bastonada num gajo. Veio outro por trás, deu-lhe uma sarda, ele ficou lá esticado.”

Braga – F.C.P (1995) – “Pelo que se comentava, muito do pessoal tinha notas falsas para comprar os bilhetes e ainda trazer troco.”

Setúbal- F.C.P (2002) – “Foi o caos! Entraram cem gajos pela área de serviço e roubaram tudo o que lhes apareceu à frente. Até que os guardas trancaram 16 (…) Foram todos absolvidos. Foi um final feliz.”

M.United – F.C.P (2004) – “Nunca vi uma coisa daquelas num free shop. Até montras de ouro tinha. Foram dez minutos. Uma rapadela total.”

Juventus – F.C.P (2001) – “Abri o cortinado das hospedeiras e vi o Alexio e o Caveira aos beijos e aos apalpanços (…) Os outros começaram a puxá-las, a dar-lhes surras no cu e a apalparem-nas… Depois, o co-piloto começou a falar comigo a explicar que tinham roubado a carteira ao comandante. Ele estava fodido e já queria aterrar o avião, antes do tempo! (…) Os cães sentiram o cheiro a ganza que os gajos fumaram durante o voo…”

Corunha – F.C.P(2003) – “Só os vi em cima dele a disputarem o telemóvel, a camisola, as calças, o dinheiro. Quando me apercebi do que ele estava a dizer vi que era espanhol. Não queria acreditar que tinham raptado um puto de 17 anos. Os cabrões, como íamos de porta aberta, viram o chavalo e meteram-no para dentro do autocarro. Fiquei cego e enchi-os de porrada. “Vocês, são doidos! Se queriam roubar, roubassem antes de entrar”.

Excerto do capítulo «Turbulência em Turim», com as devidas partes sensíveis devidamente truncadas para não ferir os mais sensíveis:

«Houve uma situação engraçada com três ciganos da claque do Bairro S. João de Deus. O Toneca, o Matreco e o Isidro são muito medrosos e têm medo de andar de avião. Como era a primeira vez que tinham andado de avião, sempre que o avião levantava e aterrava e, mesmo durante a viagem, eles iam muito quietos. Parecia que iam colados ao banco.

- Ai Macaco, a minha mulher disse que tinha sonhado que o avião ia cair

- Não vai cair nada. Ela só disse isso para tu não vires, comecei a gozar com eles

Como sempre, tinha de haver confusão e o Tiago Preto e o Xuxa, da Ribeira, pegaram-se. Quando dou fé, tinham feito um ringue no meio do avião, com tudo à rodinha e eles mesmo à porrada a atirarem-se um ao outro, contra as janelas. O avião começou a abanar por todo o lado e o ciganos a entrarem em pânico.

O resto da viagem decorreu normalmente até à saída. Contudo, quando aterrámos, o Corpo de Intervenção estava à nossa espera para que o SEF nos revistasse, porque tinham desaparecido os coletes salva-vidas do avião!»...