Saber ganhar e perder com dignidade!

O Campeão Nacional foi eliminado, carago! Animem-se, óh cum'catano. Não há motivos para tanto velório! Os festejos da semana passada, com os grandes desempenhos de foculporto, Braga e Sporting, foram substituídos por uma ressaca complicada de entender. As capas de hoje da MDCSQT são autênticos melodramas de quarta categoria! Da esperada/desejada eliminação do Benfica, que lhes daria palha para encher a tripa no que resta da época, caiu-lhes na gamela um poker de ração Veríssimo a triplicar. É lidar. Não há nenhuma razão a justificar tamanho cabeção e daqui por uns dias já teremos de novo as patadas do Pepe, as cuspidelas do Otávio, a baba de caracol do Marega, as arruaças do boneco Conceição, as grandes exibições do Mathieu e as mirabolantes defesas do Luís Maximiano. 

Nada de alarmismos. São nossos o mais elogiado pasteleiro do mundo (Artur Soares a Dias) e o melhor Bruno Fernandes da Premier League. O puto ''Cristianinho é um sucesso no Instagram em quatro idiomas'' e o futebol português nunca esteve tão forte como agora! Temos o melhor injinheiro macaco e o jogo mais comprido da história do futebol mundial. Dispomos de um canal da federação repleto de profissionais isentos e convidados escolhidos a dedo. Cinquenta programas semanais televisivos, onde o jogo e os interpretes são insistentemente promovidos, ilustres comentadores e especialistas da especialidade residentes possuidores de um alto nivel de civilidade e conhecimentos acima de qualquer suspeita! Reconheçamos esse papel importante da MDCSDQT na expansão do futebol nacional. 

Apesar de ser o amor da nossa vida - como entoam incansavelmente os NN - o Benfica ainda é (mesmo que alguns idiotas o olhem como uma escrava obrigada a satisfazer-lhes as taras sexuais) um clube de futebol. E um clube de futebol, quando encontra pela frente um adversário valoroso que prova em campo possuir, pelo menos, iguais valias e competências, tem de saber perder com dignidade. Anda tudo à volta disto; saber ganhar e perder com dignidade. Reconhecer que o esforço dos nossos atletas nem sempre é premiado com vitórias, aceitar que a sorte umas vezes é madrinha e outras madrasta, e dar os parabéns aos adversários quando saímos do estádio convencidos de não haver forças estranhas a fabricar resultados. Assisti a um grande jogo de futebol, festejei três golos (feito admirável em qualquer prova internacional) fantásticos sem ter de ficar à espera cerca quatro minutos até os árbitros admitirem o golo do Benfica, vi duas excelentes equipas a darem tudo de si e, como me ensinaram que nem sempre é possível ganhar, acho que me ajuda a lidar.

Dois treinadores que se respeitaram mutuamente, jogadores sem a faca na liga, zero de murros à sucapa, nada de patadas, cuspidelas e cotoveladas, arruaças nem vê-las e nem um Tiquinho de jogadas subterrâneas. Futebol, apenas futebol! Vim embora triste com o resultado mas com a alma, ainda e sempre, a abarrotar de benfiquismo. Com arbitragens assim e a jogar como na primeira parte, nenhuma equipa portuguesa nos chega aos calcanhares. No resto falta-nos aprender a fazer faltas, mandar a “bola para o mato que o jogo é de campeonato”, gerir o jogo sem medo dos que pensam que o Benfica joga sozinho e fazer um pedido especial à federação e à liga: jogar o que resta da época algures a norte do Mondego. Os profissionais do assobio e os patetas dos plásticos brancos jamais abandonarão o conforto do lar para se flagelarem a si próprios. Força Benfica, mesmo que muitos não Te mereçam de todo.

Ontem o Shaktar, como antes Leipzig e Olympique Lyon, adversários reconhecidamente fraquinhos, que os verdadeiros "verdadeiros" benfiquistas e os especialistas da especialidade foram unânimes em considerar. Ao Benfica, obviamente, restava-lhe a obrigação de os trucidar! A realidade diz-nos que os fraquinhos Leipzig e Lyon, que seguiram na Champions, acabam de obter excelentes vitórias sobre o Tottenham de José Mourinho e a Juventus do melhor Rónalde de sempre. E eu só posso acreditar que José Mourinho e Maurizio Sarri andam a gozar com os seus adeptos metendo os putos do Seixal para o Vieira e o Jorge Mendes os vender ao desbarato.

Ps; 116 anos de intenso orgulho. Parabéns meu Benfica!