É deixar na borda do prato que já vos passa.

Roger Schmidt: «Não interessa como, interessa é que ganhámos». Schmidt: «Estoril jogou como se pudesse ganhar o campeonato ou atuar a nível internacional». A minha admiração pelo treinador do Benfica aumenta na mesma proporção em que decresce aos olhos dos verdadeiros 'verdadeiros'. Com estas duas simples frases dá para se perceber como o treinador do Benfica rapidamente assimilou o status quo do futebol indígena. E como eu desde que me lembro digo e escrevo a mesma coisa só posso admirar cada vez mais o alemão! Sim, confesso, eu sou daqueles benfiquistas básicos - tão básicos que até chateia - que prefere sempre uma vitória num jogo menos bem conseguido a uma derrota gloriosa, à sapo, acompanhada de grandes parangonas nos jornais e nenhuns pontos nas contas do titulo. Estou-me a cagar para o "perdemos mas jogamos muita bem" e prefiro o choro dos 'verdadeiros' incomodados com a vitória conseguida ao cair do pano do que passar uma noite mal dormida a lamentar uma derrota pejada de bom futebol. Sou um ganda básico, não sou?

Sim, eu sei que para os verdadeiros especialistas da especialidade, Roger Schmidt é um nabo. Já era um nabo na época passada porque não fazia a rotação que os especialistas exigiam e esta época é ainda mais nabo por fazer a rotação que os mesmos especialistas já acham demasiada. Era um nabo por não apostar em David Neres ou Florentino e ontem passou a ser o maior nabo do mundo por meter os dois juntos. Que Roger Schmidt é um nabo estou parcialmente de acordo. Para ser prior numa freguesia destas só mesmo um grande nabo é que aceita treinar o Benfica. Os que não são nabos estão todos, como eu, armados ao pingarelho, sentados atrás de um teclado. 

Vasco Seabra, do rodízio foculportista, não conseguiu disfarçar o fel que lhe ia na alma. O currículo do treinador do Estoril fala por si. Na matemática - "Permitimos duas oportunidades mais claras ao Benfica, nós tivemos três" - o fruteiro provou ser uma bosta. Já na gestão da W52 - percebeu-se que o Estoril tinha pilhas para mais 180 minutos - palpita-me que tenha esgotado o stock todo de uma só vez. De qualquer forma, com a grande vitória (à sapo) que obteve, arranjou latim para meia hora de prosápia, saindo da contenda como um herói da MDCSDQT como só o injinheiro macaco sabe ser. Daqui por duas jornadas, quando o Estoril se deslocar a Contumil, veremos para onde foi parar essa cagança toda. Um mês depois, para a taça da liga, quando receber o clube da fruta, vale uma aposta em como as pilhas dos jogadores não duram mais de 45 minutos? As suas, bem as suas, serão gastas na reverência ao foculporto. Vale uma aposta? 

Para a MDCSDQT o Benfica teve muita sorte. Esqueçam as vitórias conseguidas na raça e as epopeias escritas para lá dos 90 minutos. Foi o António milagreiro a salvar o Benfica de mais um Apocalipse. Aqui também concordo e não apenas parcialmente. O Benfica, logo na primeira jornada, no Bessa, onde, frente ao Boavista, sofreu os golos da derrota aos 90 mts e aos 90+13 depois de jogar a segunda parte quase toda com menos uma unidade e depois de António Nobre perdoar um penalti ao Boavista e uma expulsão (14 mts) a Sebastián Pérez (o VAR que se tinha ausentado para cagar, curiosamente, foi o André Narciso árbitro do Estoril-Benfica) já começou a rebentar com a escala. E foi por aí fora até chegar ao Estoril como a equipa que mais penaltis sofreu na liga! No entretanto - obviamente sem sortinha nenhuma - o foculporto ganhou vários pontos, com golos do central Marcano, para lá dos 110 mts de jogo e os sapos, para além do futebol de arrasar, contra o Casa Pia e o Farense, talvez tenham batido o próprio foculporto em matéria de azares. Como se constata, e como se diz na minha terra, o Benfica tem sido um burro de sorte. E se lhe juntarmos as arbitragens dos jogos da Champions League, onde a deusa da fortuna esteve sempre pelo seu lado, os níveis de felicidade atingem proporções inigualáveis! 

Puta de sina a do Benfica! Lá como cá, gastam a W52 contra o campeão nacional e, logo a seguir, encostam as tábuas na ressaca. Depois do Salzburgo perder em casa após derrotar o Benfica o Inter empatou no San Siro com o Bologna, que marcou o seu primeiro golo de grande penalidade. Nada de muito significativo para o resultado final, obviamente. Estou certo, verdadeiros exigentes?

Na época passada é que foi! Para os saudosistas de memória curta relembro que depois de 1-5 para o campeonato, na Taça de Portugal o Benfica ficou-se por um tremido 0-1, com o Estoril a jogar com 10 a partir dos 47 mts. Na Luz, para a liga da farsa, aconteceu um tangencial 1-0 e viva o velho. Antes de se dizerem algumas pacotadas convém dar uma vista de olhos aos 'calhamaços'. E já agora, se alguém se lembrar, agradeço: qual foi o campeonato do Benfica, desde a sua fundação, onde os jogos sofridos não acontecerem?…Outra coisa, na Luz, no 1-0, os árbitros foram os mesmos, mas ao contrário. Rui no apito, Narciso no VAR. Ontem o VAR Rui Costa anulou um penalti ao Benfica. Na Luz o VAR Narciso anulou um golo ao Benfica. Não é lindo de ver esta dupla que tão bem se completa?