Cultura do medo!

O Andrézito Villas-Boas teve uma apresentação hollywoodesca que deve ter deixado o velho peidoso de olhinho apertado. Fino como um alho, Villas-Boas não falou do Benfica (mais tarde não falará de outra coisa) deixou rasgados elogios ao defunto (só faltou acender as velinhas da praxe) presidente, já depois de Pedro Teixeira pôr a sala em delírio aplaudindo essa grande figura (José Maria Perdigoto) do provincianismo bacoco, grande mentor do ódio norte-sul que Pinto da fruta tão bem soube cavalgar até hoje. Faltou-lhe, contudo, recordar outros grandes vultos da história do clube da fruta como a doce Carolina e a universitária Fernandinha, o Calor da Noite e a Taverna do Infante, de onde emergiram António Garrido, Donato Ramos, José Silvano, Rosa Santos, Olegário Benquerença, Pinto Correia, irmãos Calheiros, Fortunato Azevedo, Paulo Costa, Mário Leal, Jorge Coroado, Elmano Santos, Cosme Machado, Augusto Duarte, Carlos Xistra...Pedro Proença, Basco Santos, Artur Soares Dias...co-responsáveis pela maioria dos troféus que repousam no museu da fruta. 

Basicamente, Villas-Boas, prometeu refazer o foculporto à imagem do SL Benfica, com uma academia e uma fundação, mais ecletismo e a aposta das modalidades no feminino, copy & past de tudo o que o Benfica já tem há 15/20 anos. Não vem mal ao mundo copiar os melhores e, neste caso, nem foi preciso roubar e truncar os e-mails do Benfica. Bastou-lhe não ser cego e reconhecer o bom trabalho que se faz no maior clube português. No resto, desmentindo a MDCSDQT, Bilhas-Boas limitou-se a dizer aquilo que alguns anónimos benfiquistas (que os mediáticos nem se atrevem a piar tocando no assunto) vão tentando denunciar em blogs e nas redes sociais. A "falta de transparência" do clube da fruta, as "contratações falhadas" quando na MDCSDQT só o Benfica é que não acerta e um clube "capturado por um conjunto de interesses alheios ao foculporto" que em dez anos - "2,9 mil milhões de euros em receitas nos últimos 20 anos" - desbaratou "mais de mil milhões de receitas" apresentando “um passivo de 500 milhões e uma dívida de 310 milhões”.

Billas-Boas denuncia "a capacidade competitiva ameaçada" (vai lá contar essa à bolha, ao rascord e ao onojo), "as contas em total descontrolo e o clube agarrado por gratidão a uma gestão sem rumo e sem nexo". “Está ou não a ser vendida uma das empresas do grupo a um fundo norte-americano? Se sim, porque é que os sócios são os últimos a saber?" A melhor, que deixou para o fim, foi o reconhecimento da "cultura do medo" instalada do clube do macaco “onde ninguém se pode expressar livremente sem ser ameaçado”. E isto é para os da casa ó Bilhas-Boas. Imagina-te na pele dos que estão outro lado da barricada. É que nem de casa saías.

Nos treinadores à moda foculporto que predominam na liga da farsa, destacaram-se Daniel Sousa, actual treinador do Arouca e antigo analista do clube da fruta que durante vários anos fez parte da equipa de Villas-Boas, o fruteiro assumido Jorge Costa e os Sousas pai e filho, este ultimo, Ricardo, destratado publicamente pelo boneco Ceição por se recusar a abrir-lhe as pernas após um empate do Mafra em Contumil. Nenhuma surpresa. Não fossem as câmaras televisivas e o medo que o fugitivo de Vigo lhes provoca teriam sido muitos mais. Basta olhar com atenção as declarações antes e depois dos jogos frente a foculporto e Benfica para se perceber que, dos 18 (fora Schmidt e Amorim) treinadores da liga, 6 ou 7 gostariam de estar na apresentação do face-rat e outros tantos dariam o cuzinho e cinco vinténs para assistirem ao vivo ao lançamento da candidatura do papa. As coisas são o que são e na liga da farsa, com este ou outro nome, não me recordo de serem de outra forma. Quem não se lembra do Inácio, à altura treinador do Moreirense, sem puto de problemas em defrontar a potência do Lumiar ao mesmo tempo que se candidatava, na lista do brunalgas, às eleições dos sapos ocupando um lugar para o futebol!

Dito isto, do que vi e do muito que suspeito mas não vi, vou torcer muito pelo velho crápula. E que o injinheiro macaco tenha sucesso nas ameaças e nos calduços da ordem. Este fulano é perigoso e os seus apoios são para levar muito a sério. Tem o jet set nas mãos, conhece a fundo - porque muito dela usufruiu - a podridão do futebol luso, sabe como poucos quais são os calos que precisa pisar, tem dinheiro suficiente para não se curvar a ninguém, tem 46 anos (pinto da fruta tinha 45 na primeira eleição) e tudo para ser o menino bonito da MDCSDQT durante décadas. É um adversário formidável para o velho fruteiro e uma enorme ameaça para o low profile do Benfica.