Abril contas mil!

O foculporto - ao invés do Benfica que tem passado estes tempos de vacas (muito) magras preocupado em resolver os seus problemas e a pagar os seus empréstimos (obrigacionistas) preparando-se para os tempo difíceis que se adivinham - tudo tem feito para entreter o pagode com sucessivas provocações ao maior clube português, quer no fruta canal (foculporto em casa), no dragões diário ou na merda de comunicação social (que temos). A última, numa alusão ao 25 de Abril, o Calor da Noite aponta uma série de percentagens, à moda da fruta, tentado provar que a história dos andrades só não é um conto de fadas (de putas todos sabemos que é) por causa do Estado Novo.

O Estado Novo que, em 1939/40 e 1941/42, com dois alargamentos cirúrgicos, evitou a descida de divisão do clube da fruta. O regime totalitário - benfiquistão em linguagem de corrupto - que, entre outras coisas de somenos importância, também impediu Eusébio de sair do país obrigado-o a cumprir serviço militar, convidou o Sporting para participar na primeira edição da Taça dos Campeões Europeus (1956) apesar do Campeão Nacional ter sido o Benfica. O Benfica, obrigado a jogar uma eliminatória da Taça de Portugal um dia depois de vencer o Barcelona na final da Taça dos Campeões Europeus, que nunca viu uma final da Taça de Portugal na Luz - ao contrario dos corruptos de Contumil com três disputadas no seu estádio - só teve direito ao "estatuto de utilidade publica" 32 anos depois do foculporto.

Até os fruteiros mais desmiolados se recordarão da câmara do Porto expropriar os terrenos onde se encontra o novo estádio dajantas, local onde o Mesquita Alves escondeu a arma que o suicidou depois de dar dois tiros na própria cabeça, oferecendo-os de bandeja ao foculporto. Os benfiquistas que são do tempo - como diria o morcão João Pinto (amanhã tratarei deste pedaço de asno) - do Salazar, recordam-se muito bem do Estado Novo expropriar o Campo das Amoreiras ao Benfica por causa da auto-estrada Lisboa-Jamor. 

As origens do futebol indígena remetem-nos a 1921, ano em que nasceu o Campeonato de Portugal, prova que mais tarde passou a chamar-se Taça de Portugal. A primeira edição, ganha pelo clube da fruta, teve como únicos competidores os aliados do Altis (foculporto e Sporting) representantes do Porto e Lisboa, respectivamente. Como se comprova - mesmo não havendo registos (socorro-me da Wikipédia para elaborar este post) de grandes artigos no New York Times nem vigílias nocturnas pela libertação dos piratas de então - já nessa altura o benfiquistão dominava como queria o país futebolistico...

De 1921/22 (Campeonato de Portugal) a 1934/35, inicio do campeonato com o formato que conhecemos - os títulos entre a queda da Primeira República Portuguesa, instauração da Ditadura Militar transformada, em 1933, em Estado Novo - foram açambarcados por Sporting (3) foculporto (3) e Benfica (2). Também ganharam o Campeonato de Portugal, Belenenses (2) Olhanense, Marítimo e Carcavelinhos.  Relembrar que o clube da fruta foi o primeiro vencedor da liga em 1934/35, já na era Salazar, e bicampeão (obviamente por distracção do Estado Novo) em 1938/39 e 1939/40. Até que chegamos à revolução dos cravos com 21 campeonatos para o Benfica bicampeão europeu (de Eusébio, Coluna, Costa Pereira, José Águas, Cavém, Ângelo, Fernando Cruz, Mário João, Neto, Germano, Santana, José Augusto, Simões) e com várias finais europeias disputadas. A comédia (única a conseguir até então o tetracampeonato) tinha abichado 14, sem contar os 4 do Peyroteo brilhantemente conquistados pelo brunalgas, e os andrades apenas 5. 

Sem nunca esquecer que em democracia o maior clube português disputou por duas vezes (87/88 e 89/90) a final da Liga dos Campeões Europeus, uma final da Taça UEFA (1982/83) e duas da Liga Europa (1912/13 1913/14), depois do 25 de Abril o Benfica conquistou 17 campeonatos, o Calor da Noite (de António Garrido, José Silvano, Rosa Santos, Mário Leal, Fortunato Azevedo, Pinto Correia, Ezequiel Feijão, Augusto Duarte, Cosme Machado, Donato Ramos, Jorge Coroado, Soares Dias pai, Olegário Benquerença, António Costa, Marco Ferreira, Pedro Proença, Hugo Miguel, Carlos Xistra, Rui Costa, Tiago Martins, Fábio Veríssimo, Vasco Santos, Soares Dias filho, Luís Ferreira, Manuel Oliveira, Jorge Sousa...) ganhou 23 e os sapos somente 4. 

Até ao 25 de Abril existia um fosso de 7 campeonatos entre os dois clubes mais titulados. Após o 25 de Abril existe uma diferença de 6 entre os que mais ganharam. O clube da fruta ganhou mais (5) antes do 25 de Abril que os sapos (4) após a revolução dos cravos. Denominadores comuns. Benfica sempre na linha da frente e as fragilidades evidenciadas alternadamente entre sapos e clube da fruta.

Se Salazar governou, totalitário, desde 1932 até 1968 (36 anos), o dono do apito (e do pito) - após golpe de estado intestino onde houve de tudo menos cravos vermelhos - chegou ao poder, numa lista única, cinquenta anos (1982) depois. E já lá vão 38! Olhemos agora para o antes e o depois do apito dourado que deram origem aos tri, tetras e penta do crime organizado. Da revolução de Abril até ao rebentar do apito, temos 13 campeonatos para os fruteiros e 6 para o Benfica. Os sapos ganharam 2 e o Boavista (maior cúmplice dos fruteiros)1! 

Em 2004/05 (ano do apito dourado) o impensável - atípico em linguagem de corrupto - aconteceu. O Benfica venceu um campeonato prenhe de armadilhas e o foculporto - com a fruta pela hora da morte - foi forçado a recorrer a três treinadores! Fizeram-se experiências paranormais, como árbitros com coragem para assinalar penaltis najantas, e até o Nacional da Madeira foi a Contumil espetar 4-0! Após o abalo inicial a retoma chegaria logo a seguir; um tetra (e mais um tri) de rompante - com o Benfica a perceber à sua custa que mais de duas decadas de corrupção não terminariam com o simples estalar de um apito (dourado) que se provou estar para durar.

A solução foi aguentar, deixá-los poisar, estruturar-se e criar condições económicas e financeiras que lhe permitissem voltar a ganhar; Benfica 8 campeonatos após o apito dourado, crime organizado também 8 e dos sapos não reza a história. O Benfica (mesmo quando quase desapareceu) nunca deixou de vencer. Os sapos (dá que pensar) ganharam quase tudo no Estado Novo e não vencem (até o Boavista ganhou) um campeonato desde que estalou o apito dourado. Depois do apito, e com bastante menos pito, o foculporto apresenta os mesmos números do Benfica. Com uma pequena nuance. O Benfica, ao mesmo tempo que crescia desportiva e financeiramente, viu sapos e clube da fruta (mesmo com alianças rasteiras) iniciarem a lenta mas consistente caminhada em direcção ao abismo. 

Os batráquios nem com desenhos perceberão o que perderam com as alianças. Ao clube da fruta, se aos 52M€ de prejuízo do primeiro semestre do ano lhes juntarmos a canga do incumprimento financeiro da UEFA (o adiamento apenas agrava o problema) e os passes dos jogadores que, apesar das "ajudas" patéticas da MDCSDQT, se mantêm em queda acentuada, vai ser preciso muito mais do uma vigília pelo pirata Rui Pinto para disfarçar a pandemia das contas. E nem 20 milhões de artigos do Tariq Panja no NYT serão capazes de limpar os 35 do empréstimo obrigacionista que - não sendo liquidado em junho (mais um calote de meia dúzia de meses) - acumulará com um outro de 35M a vencer  em 2021. 70M€ que nem o pasquim conseguirá inventar numa altura em que até os bancos secaram a teta.