Enzo (craque) Fernández!

Depois de sexta-feira, onde se começaram a notar as primeiras angustias da época, a noite de ontem, no Algarve, voltou a dar indícios que as cornaduras têm tudo para se tornarem épicas. O Benfica regressou à liça, passou a ferro o adversário, mas quem mais voltou a brilhar foi o picareta especialista da especialidade escolhido pela TBI para comentar o Benfica 5-1 Fulham que encerrou o torneio algarvio. Mal refeito do amasso do jogo anterior, Luis Bolçar até começou manso, esperançado que o seu mais que tudo Palhinha e o antigo treinador do seu clube pudessem mitigar a sua dor. Se é verdade que o Nice, classificado à frente do Lyon - carrasco do clube da fruta na liga Europa - o deixara assustadoramente magoado, o Fulham, orientado pelo antigo treinador dos sapos, equipa competitiva que joga há muito tempo junta, brilhante vencedora do Championship, dificilmente não daria um bigode à pressão alta do Benfica. Três batatas na cornadura depois, o prestimoso Luís já bolçava que, afinal não, que os pobres ingleses ainda eram piores que os franceses e que a Premier League seria um tormento para Marco Silva & Companhia. No fim, politraumatizado com as cinco paulitadas do Benfica, Luís bolçar concluía, e bem, que nem trinta Palhinhas conseguirão livrar o desmilinguido Fulham do regresso imediato ao Championship. 

E é nestas alturas que eu percebo como é difícil a vida dos especializados especialistas da especialidade. Eu aqui às voltas com as dificuldades em gerir 38 (que afinal foram 39) jogadores e o Luís a bolçar com aquelas certezas todas! Já me mentalizei para que, frente a equipas boas do tipo das que até agora defrontaram sapos e clube da fruta, qualquer bola perdida pelo Benfica perto da baliza contrária vai ser um Deus nos acuda para as redes de Odysseas Vlachodimos. Uma coisa é defrontar os macios Reading, Nice e o Fulham, outra é levar pela frente com um Portomonense à porta fechada ou com um poderoso Saint-Gilloise numa tarde solarenga do Algarve!

Do jogo, que vale o que vale e todos esses chavões cagativos de pré-temporada, saltaram-me à vista duas ou três coisinhas que importam realçar. Desde logo, os jogadores não convocados e os suplentes não utilizados em constantes confrontos, de faca na liga, à batatada, entre as bancadas e o relvado! Uma coisa nunca vista mas que o Benfica bem podia evitar se escutasse o seboso José Manuel Freitas e os especialistas da especialidade. Depois, a excelente forma que o Nuno "Ferrari Vermelho" Almeida alardeou, demonstrando a quem lhe concedeu a oportunidade que está bem vivo e para as curvas. O penalti sobre Rafa do tamanho da cornadura do Luis Bolçar (que ignorou) e o canto fantasma que, com a mesma cara de pau apontou, originário do golo de consolação dos ingleses, comprovam-no. 

A distribuição de fruta (a varejo) que permitiu Andreas Pereira e, a retalho - a João Palhinha - são peanuts que Roger Schmitd certamente agradecerá, tendo em vista a compreensão da liga da farsa que se aproxima a passos largos. Por fim, o melhor, que são os jogadores. Antonio Silva voltou a encher o campo, mas destaco acima de todos Enzo craque Fernández. Não faz magia com a bola, como David Neres a espaços, mas não me recordo de um futebolista que me tenha deixado (talvez com a excepção de Ramires) tão boa impressão após tão poucos minutos em acção! Com apenas 21 anos o jovem argentino é um (grande) futebolista na verdadeira acepção da palavra. Longe da classe de um Palhinha ou de um Morita vejo-o como uma das melhores contratações do Benfica nos últimos largos anos.

José Neves, segundo a ADoP (Autoridade Antidopagem de Portugal) o único ciclista limpo da W52 foculporto, chegou ao fim integrado no pelotão do GP Douro segurando a camisola amarela que lhe pertencia. Adriano Quintanilha fez um gesto obsceno (um manguito) a manifestar a sua indignação relativamente ao sucedido. As "centenas de seringas e bolsas de sangue encontradas na W52-FC Porto" conferem ao patrão da equipa do foculporto um hotel de ponderosas razões acrescidas. As mesmas que o levaram a dedicar vitória na prova a Pinto da fruta - «Deve ter sofrido muito» - e que qualquer desportista que se prese não deixará de apoiar. Esta do José Neves, como as do Quintanilha, do Edgar Pinto e do Raúl Alárcon, são mesmo a cara do clube da fruta e do seu impoluto presidente.