A promiscuidade política/futebol e os especialistas da especialidade.

Pelo que me apercebo - e tudo o que entendo de bola (que é zero) aprendo diariamente com os especialistas da especialidade - ao Benfica, além da crise sem precedentes na pré-época, pouco mais lhe resta - déjà vu da época passada - que assistir ao passeio triunfal da potência do Lumiar e clube da fruta, disputando (na melhor das hipóteses) com o S. Braga o último lugar do pódio. Habituado aos adeptos que, se pudessem, mudavam o plantel todo a cada passe falhado, tem sido com enorme preocupação que vejo os especialistas da especialidade convencidos que os suplentes de Roger Schmidt são todos melhores jogadores que o 11 habitualmente escolhido.

Os reforços revelam-se uma tremenda desgraça e alguns, que chegaram a enganar na época passada, são uma completa desgraceira. Di Maria, que até chegou a parecer uma solução, muito antes do esperado apagão - lá para Março/Marçagão - já se tornou um problema de incalculável proporção! Defender não é com ele e, quando pressionado, mais parece um passarinho depenado completamente desarvorado. Está bonito, está. Aursnes, que chegou ao Benfica como médio centro, já só é capaz de ser útil na esquerda e, com alguma bonomia, do meio campo para a frente. Kökçü, contratado para jogar do meio campo para a frente, depois do fiasco da pré-época, nem para trás nem para a frente e no meio nem pensar. De Jurásek todas as opiniões são unânimes pelo que até eu estou convencido que ao chéquio pouco mais lhe resta que fazer as malas e ir para casa, deixando a Ristic - até agora considerado pela crítica sem qualquer utilidade - a difícil tarefa de fazer esquecer Grimaldo, que durante 8 anos, além de não ter a altura certa que agradasse aos especialistas, jamais esteve comprometido com a equipa e nunca passou de um brinca na areia que não sabia defender! 

A minha única dúvida reside em saber quanto tempo mais vai o treinador do Benfica aguentar sem aparecer aos olhos da crítica especializada como o paraquedista sem currículo que conseguiu ludibriar o Presidente, que a eles, os verdadeiros especialistas, nunca Schmidt os enganou! Não percebe um peido disto, o alemão. As coisas estão tão más para o Benfica que em Roterdão - onde não havia VAR - o campeão nacional sofreu um golo que a todos pareceu em fora-de-jogo, enquanto que no alvalixo, além das bolas na trave da potência do Lumiar - sem culpas para Halim Shirzad - o árbitro afegão naturalizado, 'auxiliado' no VAR pelo foculportista, romeno naturalizado Iancu Vasilica, anulou - por fora-de-jogo que cheirou a frete de encomenda - dois golos ao Villareal com o resultado em 0-0. 

Manuel Pizarro, para além de se espumar ao falar e de parecer que tem sempre a boca cheia de nabiças, é político e ministro do governo de António Costa. Foculportista de gema, Pizarro, muito legitimamente, entendeu ser o primeiro signatário da lista a pedir a recandidatura de Pinto da fruta à presidência do foculporto. Até agora não vi, li ou ouvi, qualquer voz indignada com a depravação entre a política e o futebol. Dou de de barato o percurso imaculado do fugitivo de Vigo que a todos os que comentam política e se especializaram a falar de futebol muito orgulha. Pela classe com que fala do inimigo, pela capacidade de gerar consensos a nivel nacional, pelas intervenções publicas onde promove o desporto livre de capangas e a verdade desportiva, por nunca ter desejado ver Lisboa a arder, por ser o fiel mais famoso das igrejas do Calor da Noite e da Taverna do Infante, mas, e, sobretudo, por nunca ter tido problemas com a justiça, por nunca ter fugido para Vigo para não ser preso em flagrante, por nunca ter sido ser caçado nas escutas a dar aconselhamentos matrimoniais a árbitros em sua casa, e por não os escolher a dedo para arbitrar o seu clube e o inimigo de Lisboa. 

Que ao ministro Pizarro não o incomode este currículo - e tanto mas tanto que, por falta de espaço, ficou por enumerar - é algo que só ele próprio e a sua consciência poderão explicar. Por mim, nada tenho a reclamar. Se há indivíduos que nada me incomodam por gostarem do foculporto, Pizarro é um deles. O que me incomoda, mas não muito - pelo fraco apreço que nutro pela personalidade (que bom seria se preferisse a fruta podre ao SLB) - é que o actual ministro da cultura - na altura, especialista da especialidade num programa da especialidade - tenha visto, três anos atrás, a "promiscuidade" de António Costa na comissão de honra num dos candidatos à presidência do Benfica, o escarcéu que provocou na CS que obrigou Costa a sair da comissão de rabo entre as pernas, e o seu silêncio de agora sobre o ministro Pizarro, primeiro da lista no choradinho mediático de mais de 40 anos, onde pedir a recandidatura de Pinto da fruta se tornou tão corriqueiro como os penaltis pró-foculporto desbloqueadores de resultados. Sobre o coro de meretrizes que acompanhou Pedro Adão e Silva no ataque a António Costa , não digo nada. Tenho quase a certeza que partiram em missão patriótica para a Tailândia.