Na pele de um "verdadeiro"!

Depois de alguns dias a maturar a ideia, larguei por momentos esta minha mania de querer ver o lado positivo das coisas, vesti a pele de adepto intolerante não sem antes de me apetrechar com um kit verdadeiro "verdadeiro" adquirido no supermercado «Exigência Absoluta». E foi imbuído no espirito da coisa que, a duas horas do Lusitânia-Benfica, saltitava entre o fruta canal e a lagartosTV antes de meter o som no máximo, que a boa vizinhança é capaz de tolerar, na sporttv do clube da fruta. Que bom! Nos comentários ia ter como companhia o Luis Catarino ("verdadeiro" que já trabalhou na BTV) que tem uma violenta paixoneta pelo Gonçalo Inácio (por ele, a abdicar de um central para o o próximo europeu, deixaria o António Silva em casa) que, ruborizado, não consegue disfarçar! Com este moço (bonitinho, tenho de reconhecer) e o observar da constituição da equipa levantou-se-me logo a pilinha! Não iria ter Trubin, com uma exibição medonha pela sua selecção a meio da semana que aos "verdadeiros" não escapou mas que a imprensa - «Mais Futebol» à parte - vendida a Rui Costa e a Schmidt inexplicadamente chutou para canto, mas, Chiquinho garantia-me o sucesso da prosa e o Arthur Cabral, bem, o Arthur é a cereja em cima do bolo que qualquer "verdadeiro" exigente por esta altura pode aspirar! Já tenho o meu dia ganho, pensei. 

Abro o kit "verdadeiro" e saco um chicote de fabrico caseiro para me flagelar ao primeiro passe mal medido do Chiquinho, agarro uma tábua de pregos para me sentar enquanto o Artur não marcar e unto com pomada «prócu» um dildo 23 cm cabeça larga para quando o Lusitânia passar do meio campo. Tinha material mais do que suficiente para dar início à minha festa...e o resto é história. Vocês sabem: como consequência das ferias em excesso, foi a desgraça esperada. Jogadores lentos, desconcentrados, sem ambição de clube grande, mau 11 inicial, substituições feitas tarde e a más horas, treinador cagão (meteu o Florentino nos últimos minutos com medo de perder só para segurar o resultado) com os restantes convocados sem chama, sonolentos e com cara de quem está a fazer um frete. Uma vergonha tirada a papel químico dos primeiros jogos da época que qualquer especialista da especialidade detecta a quilhómetros de distância. 

Confirmou-se a profecia que, independente do adversário, com Chiquinho em campo o Benfica não ganha. Os nossos laterais são tão maus (os meus de eleição são todos os que estão ao serviço do Ceição) que tomara a nós - verdadeiros "verdadeiros" - um Esgaio! Arthur Cabral esteve tão mal que até marcou um golo (horas depois eu ainda tinha a sensação que a bola batera no poste pelo lado de fora) quando tentava ver-se livre dela pela linha lateral! Jogo perfeito, onde nem a chuva torrencial faltou, para deixar qualquer verdadeiro "verdadeiro" verdadeiramente deliciado. E não me venham com a treta que o relvado estava mau ou que os jogadores pareciam jogar num tapete de vidro. Nem que fosse debaixo d'água! O resultado - e já nem falo da exibição (paupérrima) - que ninguém se iluda, foi péssimo. Para o Benfica que eu defendo menos de 15-0 é uma derrota. De todos em campo - bem, muito bem o Lusitânia - só se safou o árbitro (Ricardo) Baixinho, muito baixinho, eu diria que, bastante rasteirinho, que já pode contar aos netos que, além do penalti que assinalou ao Benfica, também anulou dois golos a Gonçalo Guedes. Tudo o que o baixinho fez, fez tão bem feito que, mais do que qualquer João Neves, para mim, na pele do "verdadeiro", merece de caras o prémio de melhor Gyokeres em campo. Também fiquei com a impressão que o Ricardo Pessoa - treinador do Lusitânia com um passado recheado de Portimonense (adjunto do Folha no foculporto b do Algarve) - pelo futebol apresentado pela sua equipa, pode ser uma boa aposta para quando Roger Schmidt for escorraçado do Benfica.

Ainda na pele do "verdadeiro", meio combalido, para me levantar a moral virei-me para o fruta canal - onde ouvi o relato - ao mesmo tempo que observava, na RTP, o Vilar de Perdizes - foculporto que se disputou no municipal de Chaves. E foi com um arrepio na espinha, e muita tristeza à mistura por não ver o mesmo no Benfica, que assisti à raça e à vontade de vencer da equipa (como dizem os verdadeiros exigentes e os especialistas especializados) de Sérgio Conceição! Aquilo sim é um verdadeiro regalo para os olhos! 

E com esta, num jogo da Taça, Arthur Cabral já marcou tantos golos como o Taremi e o Galeno em 8 jornadas da liga da farsa! Sem contar com os dois do Salzburgo para a Champions, o Benfica já sofreu penaltis com o Boavista, Vizela, Portimonense, Lusitânia. Será sina?