Meia dúzia de um lado e toda a gente contra eles.

Ontem saí da Catedral da Luz com algumas ideias reforçadas. Há fulanos que fazem tanta falta num estádio como uma viola num enterro. O Benfica não carece deles, os adeptos da bola não necessitam deles para nada e o futebol ainda menos. Apesar dos 8 anos que passou a ser invectivado demorarão muitos mais até vermos um jogador tão aplaudido como Rafa. E pelo caminho que estamos a trilhar temo que demorarão outros tantos até termos um treinador com tão forte personalidade. É tudo tão claro para mim como são canalhas os relatos do que se passou ontem na Luz. O estádio nunca esteve dividido e muito menos com os adeptos de costas voltadas entre si. Foi sempre 'meia dúzia' de um lado e toda a gente contra eles. Sempre. E até pelo rosto de Rafa (vê-se na imagem que o pasquim da fruta escolheu para o seu "adeus à Luz") se percebe que o comendador estava a mandar a meia dúzia para o quinto dos infernos.

Foi consolador ver o estádio inteiro revoltado com a toxicidade da meia dúzia mas foi gasta demasiada energia, que por acaso a equipa dispensou, com quem não merece um pingo de atenção. O futebol pode ser drama, pode ser triste, pode ser alegre, pode ser euforia. Pode ser tudo mas não pode ser aquilo. Não se pode passar 90 minutos a gastar cera com tão fracos defuntos. Frederico Vagandas desmantelou a sua meia dúzia e já ganhou dois campeonatos. Para chegar à cagadera de sonho o Billas-Boas começou por arrasar a guarda pretoriana do seu antecessor. Os milhares de adeptos na lista de espera do Red Pass suspiram por algo semelhante no Benfica. Rui Costa, se não quer ser imolado pela meia dúzia, que pergunte o segredo ao maqueiro ou procure a solução nos contactos do Billas. 

No relvado foi um fim de tarde muito bem passado. É claro que não faltou o golo anulado nem o árbitro fruteiro (Fábio Melo é demasiado mau para ser verdade) mas pasme-se! Agora que não são precisos (até o Rafa cagou neles) deram à Luz dois penaltis indiscutíveis, prontamente assinalados! Que diferente seria o destino do campeonato se naquele mesmo estádio fossem assinalados os penaltis claros frente ao Casa Pia e ao Farense! Não houve apenas Rafa Barca Velha. Voltamos a ter toneladas de João Neves (que portento de jogador!), Di Maria da melhor cepa, Kökçü de excelência, João Mário de qualidade, Florentino de primeira, António Silva palheto, Otamendi Sauvignon, Aursnes Grüner Veltliner, Carreras Tinto Fino, Trubin Aligoté e ainda deu para um cheirinho de Rollheiser Torrontés, Tengstedt Malbec Du Prince, Morato Malvasia, Tiago Gouveia Touriga Nacional, e um xiripiti, oferta do Chef Schmidt, João Rêgo de sua graça!

Najantas, na despedida da época, aconteceu mais do mesmo. De manhã as autoridades impediram a meia dúzia do foculporto de se despedirem do papa. De noite foi chamado o pasteleiro (Fatelas Gomes nunca os deixa ficar mal) da fruta para evitar qualquer percalço. Obviamente que não faltou a expulsão (aos 64mts) desbloqueadora de resultados e voltamos aos prolongamentos (que saudades, ai, ai) do inicio da época que roubaram ao Sp. Braga o 3º lugar. Dos 7 mts oferecidos por Soares a Dias, o golo da reviravolta aconteceu aos 90+8, esticou-se o brinde com + 2 ainda antes da segunda-feira. A arruaça do Ceição (um incompreendido) valeu-lhe uma despedida a ver Braga por um canudo e Taremi despediu-se em lágrimas da frutaria. Ainda estou para saber como não caiu desamparado com a emoção!