A (des)comunicar nos (des)entendemos.

«Presidente questionou penalti assinalado a favor do Arouca no túnel, antes de se dirigir à equipa com um discurso duro a pedir uma reação imediata». Não podia faltar e o rascord das petas, obviamente, a aproveitar. Não sei o que espera Rui Costa das suas descidas ao balneário mas, não viria mal ao mundo se olhasse para a eficácia das visitas (as do brunalgas também se tornaram famosas) do Billas ao balneário do clube da fruta. Primeiro ponto: quando se quer falar aos jogadores nunca se faz com a cabeça quente. Se eu saí do estádio com os miolos a ferver imagino os jogadores e o Presidente. Segundo ponto, nunca - a menos que se queira (e isso ainda é pior) - se deve deixar passar para a imprensa o famoso "puxão de orelhas" aos jogadores e ainda menos na ressaca do execrável trabalhino do árbitro. 

Nessas alturas, e Rui Costa sabe-o muito bem por ter sido jogador, o que os atletas querem é desabafar e mandar umas caralhadas uns com os outros. Manda a inteligência esperar pelo dia seguinte, longe dos olhares da imprensa, para - com tranquilidade - fazer a resenha do jogo. O pior disto tudo é misturar o roubo do árbitro com o 'discurso duro' aos jogadores. Quando se fala de árbitros nunca se fala de performances de jogadores. Isso só dá armas aos que querem desculpabilizar os larápios. Eu sei que é chover no molhado mas mantenho a esperança que se eu repetir isto até cheirar a alho quem sabe se um dia algum Presidente do Benfica o entende!

Basta ver tudo o que são montes de merda travestidos de comentadores desportivos que ontem saíram a terreiro defender o indefensável. Se é verdade que o Benfica (os seus dirigentes, entenda-se) pela sua postura mansa de décadas merece amplamente bater de frente com os Antónios Nobres desta vida - eu não me posso esquecer que, na nossa televisão, onde só se pode falar de arbitragens depois dos campeonatos perdidos, Artur Soares Dias sempre foi apelidado como o melhor árbitro português - nós, os adeptos que sofremos na pele o gozo de toda dessa gentalha, só queremos olhar para cima e vermos alguém que nos defenda. Não que se defenda. 

Com todo este ruido passaram despercebidos os documentos do negócio milionário da sede da FPF que desapareceram e os planteis do Benfica e da Potência submetidos a controlo anti-doping. Os documentos é fácil de resolver. Estão num cofre junto à desaparecida arma que suicidou o Mesquita Alves najantas em 2012. Os investigadores que encontrem os computadores do Naundinho das facturas e da sua assistente roubados em 2013, que está lá tudo guardado. Ou então, basta-lhes apanhar os ladrões (tamanha foi a eficácia que até pareceram nomeações do Fatelas Gomes ou do Luciano) que - mesmo deixando sangue nos vidros partidos - jamais foram encontrados. 

Já quanto à ADoP, que controlou os sapos na quinta e o Benfica na sexta-feira passada, recolhendo amostras de sangue e de urina de todos os jogadores, algumas questões me suscitam comichões. Cumcatano! Alguém mal intencionado até podia pensar que só estavam à espera que o Pote acabasse o desmame para começarem a fazer controlo! E porque não uma semana antes (custa-me a crer que o Pote não estivesse já sarado) apanhando na onda o Sp. Braga e o foculporto? Outra coisa que me faz espécie é a notícia fazer crer que apenas Benfica e sapos foram controlados. E os seus adversários? Faz algum sentido não serem controlados? 

Do Santa Clara não posso falar que não vi o jogo do penalti escandaloso não assinalado. Já no Benfica-Arouca, vi os jogadores visitantes a fazerem sprints, uns atrás dos outros, muito para lá do minuto 90. Devem ter sprintado mais naquele jogo do que no resto da temporada! Sei que motivação era grande, as ajudas arbitrais ainda maiores e que a mala verde também deve ter sido monstruosa. Mas fiquei com a ideia que (a ser possível) se não tivessem marcado após falta sobre Kökçü, a esta hora ainda estariam a correr loucamente à procura do empate. Não consigo compreender a razão não efectuarem o controlo anti-Benfica a António Nobre, Luis Godinho, Cláudio Pereira e Helder Malheiro. E por fim, para quando o controle anti-raiva à maralha televisiva que não para de morder as canelas ao Benfica?