Repugnante, meus caros, verdadeiramente repugnante!

O que para aí vai (nas televisões e na MDCSDQT) de especialistas a espumar de raiva pela convocatória de António Silva! Se, como afirmam cegamente, o miúdo só vai ao Catar para se sentar no banco de suplentes, comer pó do deserto e descansar, qual a razão de tanto ódio? Nos USA Ronaldo Nazário não saiu do banco no seu primeiro mundial. Na Alemanha, o debutante Lio Messi foi suplente (pouco utilizado) de Carlos Tévez, Aimar e Saviola. Deixaram de ser dois dos melhores de sempre do futebol planetário por causa disso? 

Não há muito tempo era Renato Sanches, também de tenra idade - brilhante vencedor do Golden Boy que acabaria eleito pela UEFA como melhor jogador jovem do Euro 2016 - o escolhido por toda essa gente para, como António Silva, ser violenta e cobardemente atacado, um pouco por todo o lado! Se a Renato, para além da questão racial que nunca souberam disfarçar, lhe arranjaram três mamilos e mais de 45 anos quando a sua mãe tratou do seu registo de nascimento, ao jovem central do SLB (terceiro no Golden Boy Web) o único defeito que lhe apontam, até agora, é o de ser branco (fica foda colocar-lhe o anátema da idade) e atleta de elite do Benfica!

Enquanto ficam de fora jovens jogadores como Renato Sanches e Florentino, Diogo Leite, Gonçalo Inácio e Pedro Gonçalves, dois brasileiros naturalizados, arruaceiros e provocadores, como o Pepe - quase com quarenta anos e sem jogar há mês e meio (de toda a parte chegam os vampiros...) por uma lesão que ninguém viu - e o escarrador Otávio, são aclamados como escolhas naturais do seleccionador! 

Por mim, devo confessar que, pela primeira na minha vida, sinto um pouco de inveja do lagartedo. Olhar para a seleção do Pepe e do Otávio e não ver nenhum jogador do Benfica misturado seria sempre motivo de enorme satisfação. Por outro lado tenho de dizer que não é verdade que o Sporting não tenha nenhum jogador convocado. João Mário, porque o Inter ainda não pagou os 30 milhões, pode ser considerado património dos sapos e Rafael Leão, tecnicamente, nunca deixou de lhes pertencer efectivamente. Quem celebra os títulos do Rónalde e os quatro campeonatos Peyroteo do Brunalgas bem pode sacudir o imaginário pó do Catar e ir para o marquês tranquilamente festejar.