Empatia do Joãozinho.

No mesmo pasquim (antigo jornal Abola) onde o seu director - para não falar da crónica repugnante do Vitor Serpa que guardei religiosamente para lhe esfregar nas trombas um dia destes - mais uma vez se atira ao treinador do Benfica criticando-o - vejam lá - por não procurar a empatia dos jornalistas, leio que, em Inglaterra, o treinador do Liverpool não gostou de ouvir um piada parva de um pé-de-microfone respondendo-lhe à letra, cagando de bem alto para a empatia. «É realmente corajoso por fazer uma piada sobre isso. Agora vamos para casa, não sei a que horas chegamos, se calhar por volta da uma da manhã, depois jogamos outra vez. Temos dois treinos, amanhã e na sexta. É bom recuperar e jogar outra vez. O Crystal Palace joga hoje à noite, por isso está bem. Mas apercebo-me que não entendes isso também, mesmo trabalhando no meio do futebol, por isso vou tentar explicar-te outra vez. Se fazes uma piada sobre isso és completamente ignorante.». Mesmo desculpando-se, ao perceber ter metido o pé na argola - «Marcus Buckland disse que não queria ser «desrespeitoso» e não estava a tentar ser mal educado» - nem assim Jurgen Klopp voltou atrás. «Já foste! Tu podes dizer o que quiseres, mas eu não, porque isso seria diferente. Vai dizer isso também ao Crystal Palace. Muito obrigado.»

João Mauzinho director de um pasquim onde (repito, a crónica do Vitor Serpa consegue ser mais repugnante) todos os dias se ataca Roger Schmidt (como no resto da MDCSDQT) por dizer branco e também o seu contrário, por substituir demasiado cedo mas também demasiado tarde, treinador que desde o levantar até deitar nunca faz nada do agrado da comunicação social, entende que «Schmidt está hoje cada vez mais debaixo de fogo da crítica e não ter criado empatia com os jornalistas não o ajuda em nada.». Assim, como se o sagrado dever de informar com rigor e o código deontológico dos pés-de-microfone só servissem para limpar o cu numa aflição. Desde quando a empatia, ou a falta dela, define a forma como são tratados os profissionais? As notícias são fabricadas tendo em conta a empatia dos jornalistas? O treinador do maior clube português, para trabalhar em paz, tem de andar submetido aos canetas de aluguer? É isso, Joãozinho? Mesmo quando revelam uma falta de preparação para o métier de estarrecer o adepto mais inculto, quando mal arranham o inglês, deturpando-o à vontade do freguês, ou quando levam perguntas de encomenda, fabricadas para criar polémica, que vão rendendo os milhares de clics (que o papel já nem para limpar o recto vai tendo utilidade) que mantêm o circo a funcionar?

«O Conselho de Disciplina (CD) da FPF, revelando a empatia que não tem Roger Schmidt, não chegou a acusar o foculporto no âmbito do processo disciplinar relacionado com o apagão do videoárbitro (foculporto-Arouca) a 3 de setembro. Três meses demorou o CD a parir um comunicado onde refere que "em sede de instrução, quer no processo de inquérito quer no subsequente processo disciplinar, não foi feita prova de que o clube visitado fosse responsável pela falha de energia que determinou que o sistema VAR (na área de revisão do árbitro) tivesse de ter feito uso do seu sistema de energia de reserva". Ao contrário de Roger Schmidt, o maior culpado da noite chegar cada vez mais cedo a Contumil, o clube das putas nem da falta de energia em sua casa foi acusado. Se um adepto vestido de vermelho, num campo qualquer deste país, arremessar uma tocha para o relvado, o CD, empaticamente, identifica o individuo como adepto do Benfica, multando imediatamente o campeão nacional em milhares de euros. Já a energia cirurgicamente cortada, quando o VAR tinha de decidir sobre mais um mergulho do Taremi, nada teve a ver com o responsável pela energia e muito menos a sua empatia com o foculporto. 

Como eu disse na altura, algures entre o estádio da Luz e a barragem de Crestuma-Lever deve estar escondido o malandro que deitou a luz abaixo. Foi ver se encontrava a arma que suicidou o Mesquita Alves, meteu os dedos na ficha e ficou lá a curtir uma empatia.

O técnico de suporte ao VAR, primeiro constituído arguido, acabou naturalmente absolvido. Foi, sim, punido mas por ter "faltado a diligências para as quais foi regularmente notificado durante a fase de instrução". Adriano Costa - assim se chama o mais parecido com um responsável que a empatia do CD conseguiu encontrar - apanhou 23 dias de suspensão (esconderam-lhe os interruptores, é isso?) mais 230 euros de multa que muita falta lhe farão para comprar o bacalhau. Razão tem o João Mauzinho. O que falta à liga da farsa é um bom pedaço de empatia. Uns esbanjam-na a olhos vistos. Roger Schmidt, o vilão, já se percebeu que não.