Enregelados!

Por muito que me incomode e me deixe mal disposto tenho como certo que adversários como AVS aparecerão sempre, como engulhos, no caminho maioritariamente vitorioso do SL Benfica. Foi assim no passado, foi ontem na Vila das Aves e assim será, fatalmente, no futuro. Também tenho como certo que nenhum treinador, jogadores ou presidente do Benfica foi, são ou será capaz de evitar que aconteça. 

Dito isto, os milhares de adeptos que, como eu, trocaram o quentinho do lar pelas bancadas frias do Desportivo das Aves não mereciam a bisonha exibição do Benfica. Se a primeira parte, longe de ser brilhante, foi competente e quanto baste para levar de vencida os AVS desta vida, a segunda foi tão má que é difícil de aceitar. Com a diferença de qualidade entre as duas equipas como explicar um Benfica que raramente conseguiu passar do seu próprio meio campo ou fazer três passes seguidos perto (mas não muito) da área do adversário? A posse de bola - supostamente de controle - de pé para pé na grande-área, começa a ser um tormento para quem ambiciona ver o Benfica a trocar a bola, sim, mas dentro do meio campo adversário! Nada, nenhuma jogada prometedora, nenhum remate de perigo, nenhum arreganho competitivo, nenhuma vontade de dilatar o marcador, nenhum - arrisco-me a dizer - respeito pelos milhares de espectadores. A segunda parte do Benfica foi má demais demais para uma equipa que tanto diz querer assaltar o primeiro lugar antes do Natal. 

Ainda assim, e como eu disse no intróito desta prosa, sabendo que nada isto é virgem no futebol mundial, tudo podia ser diferente se Trubin (melhor em campo pelo lado do Benfica) não enviasse a bola para a frente - nestas alturas é chutar de bico, assim ou assado e qualquer madeira nem que seja para as bancadas - tentando um passe a meia altura que acabou num adversário. Consequência: falta (manhosa) desnecessária de Rollheiser e bola, com toda a equipa anestesiada pelo frio, nas redes do Benfica. Logo Trubin que vai para 3 jogos consecutivos a trocar a bola com os colegas de sector para desespero, que não o meu, dos benfiquistas! Ainda pensei que, apesar do choque, do banco de suplentes viesse a ordem de mandar os 'centrais' do Benfica para a frente para, num último esforço, tirar partido de um ressalto ou, quiçá, uma repetição do golo do AVS SAD. Nada. Os jogadores trocaram a bola entre si, para os lados e para trás, até que o árbitro, piedosamente, os mandou a todos para casa. Estes 30 segundos resumem o querer do Benfica em toda a segunda parte.

Bruno Lage viu todas as substituições que fez piorarem o desensabido e paupérrimo futebol do Benfica. Onde havia um buraco passaram a existir dois ou três e assim sucessivamente. Foi sempre muito aplaudido quando, no inicio do jogo e no intervalo, chegou dos balneários (deve ser fetiche) já depois do jogo ter começado e, no final, acabaria insultado. Também isto resume a vida de um treinador do Benfica.

A Juventus empatou em casa com o Veneza e o Milan empatou em casa com Genova. O Barcelona foi derrotado em casa pelo Leganés, o Real Madrid empatou com o Rayo Vallecano, o Bayern Munique foi derrotado pelo Mainz, o Arsenal empatou em casa com o Everton, o Liverpool empatou em casa com o Fulham, o Manchester City foi derrotado em casa pelo M. United (que fez descansar mais de metade da equipa na Liga Europa) e o Benfica ficou a 30s de segurar 3 pontos na Vila das Aves! É o reflexo das dificuldades dos maiores clubes mundiais em encarar adversários aguerridos na ressaca da Champions League. Quem não quer ser lobo (que não o fruteiro Freitas) não lhe veste a pele. É o preço de ser grande! Por muito que doa, e doeu pacaralho, a ter de acontecer que seja pelos motivos certos.